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Obs: Para seu melhor entendimento, leia a matéria do dia anterior, já que a de hoje é continuação dela.
Ontem em data festiva para meu casamento, abordamos em nosso blog, como agradecimento a Deus, um tema que muitas vezes se torna o vilão do casamento e também da família, já que estar casado, vai além da junção de duas pessoas no mesmo espaço físico compartilhando coisas materiais.
Ontem começamos a falar sobre adultério. Ele é uma prática perniciosa que invade a vida de alguns casais arrancando todos os alicerces de lugar, tornando a estrutura familiar um edifício oco e sem muita firmeza, que ao se deparar com qualquer vento, pode vir ao chão.
Como falei na matéria anterior, normalmente o adúltero (a) não tem noção da profundidade do seu ato, ele (a) não mensura o tamanho do estrago que está produzindo em sua vida e na daqueles que estão ao sua volta. Mesmo que sua traição não venha a ser descoberta a curto prazo, mas será a médio ou longo, sua própria vida já está sendo afetada, já que sua “natureza carnal” galgou um degrau em suas decisões, ganhando força sobre suas atitudes e isso, já alterou de alguma forma o equilíbrio do seu caráter que não é mais o mesmo. Muita gente diz por ai assim: “O que tem demais pular a cerca uma só vez?”A reposta é, seja uma vez ou mais de uma , quem adultera ultrapassa um limite divino colocado em nossas vidas desde a formação do ser humano.
Aquele que trai é o primeiro a ser deformado pela prática do ato, mas não é o único. O adultério é algo tão sério, que mesmo os inocentes (não aos olhos de Deus, mas aos nossos) na história são impactados, tendo também sua natureza desorganizada, afetando de alguma forma as estruturas morais e sentimentais, quando não até mesmo as espirituais, já que em alguns casos, Deus é colocado como o maior vilão de toda a história.
O cônjuge traído quando descobre o adultério, mesmo sendo uma pessoa centrada, fica sem o “Norte” da sua vida. Como já percebemos em alguns casos no gabinete pastoral, parece que todo o histórico de vida da pessoa é apagado naquele momento. A sensação é de que sua tese de mestrado foi apagada do seu computador e você não tem nenhuma cópia extra, não sabendo no minuto seguinte por onde começar, já que o início, meio e fim foram completamente zerados para você. Nesse momento a pergunta que surge não é como recomeçar, mas como sobreviver um dia após outro depois de um desastre como esse.
É muito difícil sair ileso (a) de uma traição, só mesmo com ajuda divina uma pessoa traída voltar a ser quem ela (e) era. No fundo, essa dificuldade reside no fato de que inconscientemente ela se acusa pelo acontecido, colocando na sua forma de viver a responsabilidade pelo que ocorreu. Ela não percebe, mas muitas vezes absolve inconscientemente o traidor e se condena a ser alguém completamente diferente daí em diante, motivada meramente pelo erro do outro, que ela sem saber acaba considerando "como seu erro".
Não são poucos os exemplos que vemos a nossa volta, de homens e mulheres que ao passarem por uma crise como essa, buscam sair dessa situação mudando tudo em sua vida da forma errada, do tipo:,
Quem não bebia, começa a beber.
Quem não dava tanto valor a roupas extravagantes, passa a dar.
Quem não ligava para atividade física, torna-se “rato de academia”.
Quem tinha valores e vivia por eles, passa a viver pelos valores daquele que a (o) traiu.
Quem era um bom pai ou mãe, passa a olhar o(s) filho(s) como um dos culpados dessa história.
Quem era equilibrado, resolve que daqui para frente vai arriscar “todas as fichas” de uma só vez.
A lista acima é longa, por isso, vou parar por aqui para não nos alongarmos muito. Interessante é também observar que esse comportamento independe do tempo da relação e idade dos envolvidos, evidentemente existe uma aglutinação desses acontecimentos nos casais unidos há mais tempo, mas mesmo nos novos relacionamentos, a reação dos cônjuges é muito parecida.
A pessoa traída, se não tomar cuidado, pode vir a se tornar um vilão maior ainda do que o seu carrasco, caso deixe se levar por essa acusação inconsciente de que o erro está nela (e) e não na falta de compromisso do outro. Evidentemente que uma reavaliação é sempre importante, mas precisa ser feita dentro de parâmetros corretos. O que vai determinar a resposta certa da vítima é sua humildade diante de Deus. Mesmo sendo uma vítima na situação, não podemos deixar de ser humilde diante de Deus o suficiente para encontrar nosso Norte Nele, e não no que nossa natureza ofendida nos oferece.
Sei que falar sobre o assunto é mais fácil do que viver ele na pele, mas minha intenção ao compartilhar essas experiências, adquiridas em fatos reais e não em estudos mirabolantes, é contribuir para que os casais e as famílias façam um trabalho de prevenção, evitando assim, passar por todo esse processo.
Caso a sua situação já seja de traidor(a) ou traído(a), saiba que apesar das conseqüências que virão, Deus é poderoso para recolocar a estrutura de sua família no lugar, basta que para isso haja arrependimento, vontade de perdoar e humildade diante Dele, seja do ofendido ou do ofensor.
Amanhã, daremos seqüência falando sobre como os filhos são afetados nessa situação.
Em Cristo
Pr.Paulo Cesar Nogueira.
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