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Sob a tua Palavra lançarei as redes... Lucas 5.5
Sob a tua Palavra lançarei as redes... Lucas 5.5
O texto se refere à pesca maravilhosa. Um belo quadro de diálogo e convivência entre Jesus e alguns de seus discípulos.
1. Pedro, provavelmente um especialista em pescaria, sabia que o momento não era dos mais oportunos para a pesca e que o melhor a fazer era deixar para o dia seguinte. Sabia também que Jesus conhecia pouco de pescaria, pois sua profissão de berço era a carpintaria. Mas faz a seguinte declaração: “... Sob tua palavra lançarei as redes” - v.5.
2. O Novo Testamento usa dois termos gregos que foram traduzidos pela expressão palavra. São eles logos e rema. A palavra logos aparece cerca de 330 vezes e está presente em todos os livros do Novo Testamento, com exceção de Filemon e Judas e a palavra rema aparece cerca de 70 vezes, principalmente nos escritos de Lucas.
3. Definição de Logos e Rema.
Logos - era usada pelo mundo antigo para referir-se a um discurso ou tema de discurso; preleção didática ou ensino. No Novo Testamento ela ganhou a conotação de proclamação cristã e indica a Palavra de Deus de uma maneira ampla, ou seja, é a Palavra de Deus em sua amplitude.
Rema – Indica a Palavra de Deus de maneira pontual ou específica, indicando uma ordem, vocação ou missão. “Lucas entendeu como sendo palavra da promessa, que não fica sem cumprimento” (BETZ, 1986: p. 419). O termo promessa não se refere às “caixinhas de promessas”, mas sim no sentido de que Jesus anunciou/mandou (sentido de mandamento) coisas que aconteceriam, ou seja, tinham uma promessa de acontecimento se houvesse a obediência por parte do discípulo. Em outros termos, é uma palavra específica de Jesus que traz no seu bojo a necessidade de cumprimento por parte daqueles que a recebem, pois se trata uma promessa/mandamento ou mandamento/promessa.
4. Conexão com a vida.
Este jogo de palavras que Jesus faz ao conversar com seus discípulos, se ressalta o estímulo que Ele oferece aos seus seguidores e que nos alcança em nossos dias, quando temos desafios e oportunidades para o nosso viver diário. Este estímulo pode ser compreendido como a esperança do pescador da história bíblica, ou do trabalhador/a da nossa história, pois em todos os setores da vida e da sociedade a esperança é uma força que impulsiona as pessoas a lutarem pela vida digna. Assim, afirma o educador, “a esperança é um condimento indispensável à experiência histórica. Sem ela, não haveria História, mas puro determinismo” (FREIRE, 1921: p. 43).
A esperança não é algo que possa ser vendido, comercializado ou negociado. Segundo Paulo Freire, a esperança é uma das condições que tornam possível a luta em prol da reconstrução do mundo. Ela não “consiste em cruzar os braços e esperar. Na medida em que lute, estou amadurecido para a esperança. Se combato com a esperança, tenho o direito de confiar” (FREIRE, 1996: p. 43). Ele afirma ainda que a “esperança é necessária, mas não é suficiente. Ela, só, não ganha a luta, mas sem ela a luta fraqueja e titubeia. Precisamos da herança crítica, como o peixe necessita da água despoluída” (FREIRE, 1997: p. 5)
É nesta perspectiva que o pescador lança as suas redes.
Bispo Josué Adam Lazier
Referências Bibliográficas
BETZ, O. In: Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. São Paulo, SP: Editora Vida, 1986, vol. III.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo. SP: 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança. São Paulo, SP: Paz e Terra, 1997.
FREIRE, Paulo. Conscientização -Teoria e Prática da Libertação. Uma Introdução ao Pensamento de Paulo Freire, São Paulo, Cortez & Moraes, 1921.
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