Amados e queridos visitantes. Esta é a quarta postagem do nosso projeto. Estamos escrevendo de forma interativa (quase todos os dias) um livro de ficção. Da minha parte é um desafio a capacidade de escrever que Deus tem compartilhado comigo (apesar das minhas grandes dificuldades). Para o leitor é uma oportunidade ímpar, já que não conheço outra experiência como essa na blogosfera.
Todos os visitantes (independente de religião) estão convidados a dar sugestões que serão analisadas pelo autor.
Segue abaixo o texto completo para facilitar sua leitura. Para sua informação já construímos dez páginas.
Em Cristo
Pr.Paulo Cesar Nogueira
A boneca de porcelana.
Por que será que as coisas nunca dão certo na vida? Bradou em voz alta aquela jovem de pele clara e rosto tipo “boneca de porcelana”. Depois do seu questionamento (que mais parecia um desabafo do que propriamente uma pergunta) ecoar por todo recinto, aquele homem de porte grande que estava no palco ao seu lado, dirigiu-se ao público a sua frente e fez a seguinte pergunta:
“Se houver alguém em nosso meio capacitado a responder a pergunta desta jovem fique de pé e se apresente”.
Eu que estava sentado bem no canto do auditório, próximo à parede direita de quem entra, falei em voz baixa:
“Será que alguém no meio desta multidão é doido o suficiente para se apresentar diante de toda essa gente e tentar responder a uma pergunta tão subjetiva como essa?”
Mas para minha surpresa e de outros que pensaram de igual forma, muitas pessoas levantaram de seus lugares colocando-se a disposição para expor sua teoria sobre a pergunta da “boneca de porcelana”. Particularmente achei curioso alguém ter coragem de tentar responder uma pergunta tão vasta como essa (Por que será que as coisas nunca dão certo na vida?), ainda mais nas condições em que tudo estava acontecendo, em meio a um público enorme, barulhento e provavelmente sem ter muito tempo para defender sua tese.
Mas a oferta de respostas naquele lugar foi extremamente desproporcional aquela única demanda de pergunta, por isso, aquele homem de porte grande escolheu aleatoriamente sete pessoas dentro do grupo que se prontificou, dando a cada uma delas um tempo máximo de cinco minutos para expor sua teoria sobre a questão existencial apresentada pela “boneca de porcelana”. As sete pessoas ficaram enfileiradas, tendo uma a uma o direito de utilizar o microfone para fazer sua exposição dos fatos. O tempo limite foi levado em conta rigorosamente, ao ponto de alguns deles terem tido o sinal do som cortado, quando tentaram ultrapassar intervalo de tempo que havia sido estabelecido previamente pelo sujeito grandalhão.
Do discurso proferido pelo primeiro pseudofilósofo ao sétimo, não houve nenhum tipo de concordância em suas falas, sendo que em determinados momentos como ouvintes, tínhamos a estranha sensação de que eles estavam respondendo à outra pergunta, completamente diferente daquela que havia sido elaborada pela jovem “boneca de porcelana”. Para ser honesto na minha narrativa e ao mesmo tempo tomando cuidado para não ser injusto, nada do que eles falaram somava-se e quase tudo que foi dito diminuiu o discurso do outro. Do início ao final das apresentações não foi possível se chegar a nenhuma síntese entre eles, pelo contrário, a todo tempo observamos uma dialética que expunha uma tese seguida de antítese, bem ao estilo platônico.
Enquanto a exposição acontecia na estreita escada que cortava o centro do auditório, a “boneca de porcelana” e o homem grandão estavam no palco, de onde podiam ouvir e ver cada um dos sete se esforçar ao máximo para encontrar nos dois ou pelo menos em um deles, uma acolhida calorosa as suas teorias. Mas infelizmente, pelo menos para os grandes filósofos da noite, nenhum deles expressou nenhum sinal de concordância ou satisfação com o que foi apresentado, tendo até mesmo um dos candidatos, o último da fila dos sete, chegado ao extremo da sandice de associar o sofrimento humano (provocado por coisas do tipo “Por que será que as coisas nunca dão certo na vida?”) a redução do consumo de carne suína pelas pessoas.
“Não dá para acreditar como alguém, pelo menos em sã consciência, pode ligar uma coisa dessas, o consumo de carne suína, a felicidade do ser humano”. Mas foram explicações desta natureza que surgiram do consciente, que acredito deveria estar inconsciente naquela noite, das pessoas que estavam naquela fila. Ao final da fala do sétimo candidato, agradeci no meu íntimo ao homem grandalhão por ter dado oportunidade apenas a sete pessoas, número que não representava nem 10% do grupo que se propôs a esclarecer o mistério da vida da “boneca de porcelana”.
O público presente com certeza não agüentaria mais ninguém tentando explicar as frustrações humanas, usando para isso, as mais loucas explicações produzidas por mentes que não compreendem nem a sua própria insatisfação. Afinal de contas, era isso que todos estavam buscando naquele local, respostas para suas respectivas frustrações da vida.
Independente desse massacre intelectual a que todos nós fomos submetidos, promovido pelo grupo dos sete sábios noturnos, aquela foi uma noite de muitas surpresas e talvez a melhor que aquele público tenha vivido naquele lugar. Tudo ocorreu sem nenhum planejamento prévio, mas ao mesmo tempo sem nenhuma desordem que comprometesse o propósito daquela reunião. Desde o momento em que a “boneca de porcelana” subiu correndo no palco e arrebatou o microfone do grandalhão bradando “no ar” seu desabafo, foi possível observar que a sucessão dos acontecimentos tomou corpo e vida própria, fazendo com que a noite tivesse para todos nós, que estávamos na platéia, um ritmo bem diferente, mas dentro de uma musicalidade excepcional.
Havia um tipo de controle naquela situação que aparentemente parecia descontrolada, que não estava mais na mão do grandalhão e nem da “boneca de porcelana”, mas transcendia aquele lugar, as pessoas responsáveis por aquela reunião e todas as outras que se encontravam naquela noite no auditório. A sensação era que de longe alguém movia os acontecimentos, como dedos que tocam um instrumento fazendo com que cordas pressionadas da forma correta e no tempo preciso, produzam harmonia e beleza musical.
Ao mesmo tempo também sentíamos uma ação imanente na situação, como se esse “mesmo controle” pudesse ter estas duas características opostas atuando ao mesmo tempo. Por isso, havia uma confiança muito grande no ar e no coração das pessoas, que nos permitia viver aquela situação inesperada, criada pela “boneca de porcelana”, com a certeza de que tudo acabaria bem não só para ela, mas para todos os presentes que seriam beneficiados por essa maravilhosa experiência. Narrando desta forma alegórica, nossa descrição pode parece ao leitor ser algo difícil de entender, mas destaco também, que os acontecimentos daquela noite são muito complexos para tentar explicar, já que estamos tratando de uma experiência humana coletiva, algo difícil de compartilhar com outros que não estavam presentes.
Encerrada a fala dos sete candidatos ao esperto da noite, o grandalhão retomou o controle da situação com certa tranqüilidade, retomando da mão da jovem o microfone e agindo de forma inteligente e sagaz, sem diminuir a fala de ninguém que tenha apresentado um discurso. Ele simplesmente se voltou para a jovem que ainda se encontrava no palco, agora já meio anestesiada por se dar conta do aparente tumulto que ela acabou provocando na reunião, e lhe fez a seguinte pergunta:
“No seu íntimo, você acredita mesmo que alguém aqui ou em algum lugar do mundo pode responder essa pergunta a você ou a eles mesmos?”
Essa pergunta tão simples, mas ao mesmo tempo tão profunda, causou um grande impacto no público e também na “boneca de porcelana”, ao ponto dela desabar em lágrimas caindo nos braços do grandalhão, que se valendo do seu grande porte, pode apoiá-la como um pai que envolve sua pequena criança, quando ela vem chorando depois de se machucar com alguma brincadeira infantil.
Essa cena bucólica, que foi presenciada pelo público naquela noite entre os dois personagens que estavam no palco, tinha algumas semelhanças e ao mesmo tempo grandes diferenças com a vida real da “boneca de porcelana”. Em sua existência, pelo menos até aquele momento, ela também havia se machucado, mas não numa brincadeira infantil como descrevemos acima, mas sim com as adversidades e a sua forma de lidar com elas. Em todo seu período de vida ela nunca aprendeu que nenhum de nós está imune a viver situações de dor, talvez por isso, ela tenha lidado tão mal com tudo que lhe aconteceu, que mais tarde todos nós tomamos conhecimento, piorando ainda mais suas dores e angústias.
Diferente das crianças que sofrem corte nos braços, pernas e em outras partes do corpo físico, nossa jovem estava ferida na sua alma, local de difícil acesso para uma cura, onde o grandalhão tentou chegar desferindo sobre ela uma pergunta simples, mas com um caráter profundamente reflexivo. Por isso, aquele pequeno momento no palco se tornou para a “boneca de porcelana” uma terra prometida, um lugar de conforto que ela ainda não havia experimentado em sua transição de criança para a vida adulta. Fora daquele palco, ou seja, na sua vida real, não havia nenhum grandalhão para recebê-la nas vezes em que caiu, foi machucada e também machucou. A ausência desse tipo de segurança, que o ser masculino passa na formação do caráter, tornou sua dor bem maior do que ela aparentemente era, já que o sentimento de abandono e solidão potencializava a dor e a confusão provocada por suas feridas emocionais.
Esse momento no palco, que de alguma forma mudaria a vida da “boneca de porcelana” e também de muitas pessoas que estavam ali, só foi possível porque além do grandalhão confrontá-la da maneira correta, havia um controle sobrenatural naquele lugar e sobre todas as coisas que estavam acontecendo naquela noite. Havia no coração de Deus uma disposição de mudar a vida de muitas pessoas naquele auditório e o caminho escolhido para isso, foi à vida da “boneca de porcelana”.
Depois de algum tempo, não me lembro o quanto, mas certamente foi intervalo maior que dez minutos, os dois se desprenderam daquele contato personificado de pai e filha e ela procurou se recompor, já que por conta do muito chorar, seu rosto e sua roupa estavam ambos molhados e amassados. Ele por sua vez, sem nenhuma pressa, aguardou a “boneca de porcelana” terminar o que estava fazendo, para só depois reiniciar sua fala ao grande público.
Sem medo de errar, posso afirmar ao leitor que o momento de quebrantamento da jovem naquele palco nos braços do grandalhão foi o ápice daquela noite. Por mais incrível que possa parecer, ficamos com a sensação que cada um de nós havia desabafado junto com ela naquele palco, colocando para fora todos os nossos traumas e feridas obtidas com as brincadeiras da vida adulta. Paralelamente também colhemos o conforto e a segura dos braços do grandalhão, que naquele momento, sem nenhuma explicação lógica, havia assumido a figura paterna de todo o auditório. Quase todos que estavam presentes haviam chorado junto com a “boneca de porcelana”, porque a dor daquela jovem no palco representava nada mais e nada menos que o drama das nossas próprias vidas. Todos nós estávamos decepcionados com o nosso viver e estávamos ali naquele auditório porque havíamos ouvido falar que existia um caminho ou uma solução para nossa crise existencial. Às vezes, quando uma crise como essa bate à nossa porta, é difícil para as outras pessoas entenderem que diferente de muitos doentes que lutam ardentemente contra a morte, nós lutamos para não olhar para ela como nossa única opção nessa vida.
Quando a coisa chega nesse ponto, surge em nós um misto de desespero e loucura que nos faz chegar aos extremos, com foi o caso da nossa “boneca de porcelana”, que no ápice do seu conflito subiu correndo no palco e tomou o microfone do grandalhão à força, simplesmente para soltar do seu interior um desabafo, que naquele momento, nada mais era do que uma forma de lutar contra o desejo de morrer. Ela precisava fazer o que fez, caso contrário, teria se suicidado na porta do teatro. A pressão ficou grande demais para ela e a insatisfação com a vida atingiu, no seu caso, o ponto máximo aceitável por um ser humano. Naquela situação não havia outra saída, sua única opção era dar uma de louca ou, ficar louca de verdade, tendo a morte como a única solução para sua vida.
Percebendo que ela já havia se refeito e estava também serena, completamente diferente do estado inicial quando invadiu literalmente o palco, roubando a cena naquela noite, saindo de um completo anonimato para se tornar personagem principal da reunião, ele retornou sua fala, pedindo a todos os presentes que seguissem o exemplo da “boneca de porcelana”, que havia conseguindo naquele momento organizar suas emoções e também retomar o controle de sua razão.
Os ouvintes, até mesmo porque eles tinham interesse em saber qual seria o desfecho da situação, colocaram todo o lugar em ordem o mais rápido possível, cada um tomando seu respectivo assento e também se recompondo para ouvirem o que viria a seguir. O grandalhão, um homem muito perspicaz e sábio, havia se dado conta que aquela seqüência de acontecimentos com a jovem no palco, havia realmente tocado em quase todos os presentes nas suas próprias frustrações, abrindo com isso uma porta para o lugar das emoções reprimidas, algo que ele há muito vinha trabalhando com o grupo para conseguir. A importância da abertura desta porta está na cura de certas emoções. O objetivo dela é jogar para fora todo lixo emocional, provocado por traumas e conflitos, que está cheirando mal, atraindo moscas e provocando enfermidades emocionais, físicas e espirituais.
Apesar de um porte grande e uma voz muito grossa, aquele homem conseguia falar com muita tranqüilidade, o que de certa forma cativava o público presente, fazendo com que as pessoas realmente dessem atenção ao que ele falava. Valendo-se dessa sua característica e também do momento oportuno, o grandalhão lançou um desafio à jovem de “boneca de porcelana” e também ao público presente. O discurso dele foi mais ou menos assim: “Eu estou sendo muito enriquecido nessa noite com a presença desta jovem e o seu dilema. Creio que ela também, o que podemos comprovar olhando para o seu semblante neste momento. Quanto a vocês, não me lembro de nenhum momento onde nosso auditório tenha sido tão impactado, por isso, quero propor estendermos nossa reunião nesta noite pelo tempo que for necessário, para que essa jovem nos conte sua história. Acredito, mediante tudo que está acontecendo, que ao final desta narrativa, ela sairá daqui completamente diferente da forma que chegou, como muito de vocês”.
Ele não precisou fazer muita força e nem colocar ênfase em suas palavras, já que sua sugestão caiu como se fosse uma luva sobre todos que participaram daquela experiência coletiva. Mas e quanto a “boneca de porcelana”, será que estaria disposta a empreender essa jornada diante de pessoas que ela nunca antes tinha visto em sua vida?
Percebendo que ela já havia se refeito e estava também serena, completamente diferente do estado inicial quando invadiu literalmente o palco, roubando a cena naquela noite, saindo de um completo anonimato para se tornar personagem principal da reunião, ele retornou sua fala, pedindo a todos os presentes que seguissem o exemplo da “boneca de porcelana”, que havia conseguindo naquele momento organizar suas emoções e também retomar o controle de sua razão.
Os ouvintes, até mesmo porque eles tinham interesse em saber qual seria o desfecho da situação, colocaram todo o lugar em ordem o mais rápido possível, cada um tomando seu respectivo assento e também se recompondo para ouvirem o que viria a seguir. O grandalhão, um homem muito perspicaz e sábio, havia se dado conta que aquela seqüência de acontecimentos com a jovem no palco, havia realmente tocado em quase todos os presentes nas suas próprias frustrações, abrindo com isso uma porta para o lugar das emoções reprimidas, algo que ele há muito vinha trabalhando com o grupo para conseguir. A importância da abertura desta porta está na cura de certas emoções. O objetivo dela é jogar para fora todo lixo emocional, provocado por traumas e conflitos, que está cheirando mal, atraindo moscas e provocando enfermidades emocionais, físicas e espirituais.
Apesar de um porte grande e uma voz muito grossa, aquele homem conseguia falar com muita tranqüilidade, o que de certa forma cativava o público presente, fazendo com que as pessoas realmente dessem atenção ao que ele falava. Valendo-se dessa sua característica e também do momento oportuno, o grandalhão lançou um desafio à jovem de “boneca de porcelana” e também ao público presente. O discurso dele foi mais ou menos assim: “Eu estou sendo muito enriquecido nessa noite com a presença desta jovem e o seu dilema. Creio que ela também, o que podemos comprovar olhando para o seu semblante neste momento. Quanto a vocês, não me lembro de nenhum momento onde nosso auditório tenha sido tão impactado, por isso, quero propor estendermos nossa reunião nesta noite pelo tempo que for necessário, para que essa jovem nos conte sua história. Acredito, mediante tudo que está acontecendo, que ao final desta narrativa, ela sairá daqui completamente diferente da forma que chegou, como muito de vocês”.
Ele não precisou fazer muita força e nem colocar ênfase em suas palavras, já que sua sugestão caiu como se fosse uma luva sobre todos que participaram daquela experiência coletiva. Mas e quanto a “boneca de porcelana”, será que estaria disposta a empreender essa jornada diante de pessoas que ela nunca antes tinha visto em sua vida?
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