Há algum tempo atrás, tentei estabelecer em nossa igreja um curso na área da história da filosofia, voltado para obreiros de todas as igrejas de nosso bairro. A exemplo da postura que adotamos com a “Escola de Teologia”(vide matéria específica sobre ela), ele seria ministrado completamente gratuito, inclusive o material a ser distribuído. O objetivo era trazer conhecimentos de história e também da evolução do pensamento secular e cristão ao longo dos séculos ao povo de Deus, visando capacitar o cristão conhecedor da Palavra, a entender melhor o mundo (como ele pensa) que está a nossa volta.
Para evitar qualquer tipo de problema junto à comunidade evangélica ao nosso redor, fiz questão de elaborar pessoalmente a carta destinada aos pastores do bairro, expondo nosso projeto e pedindo a eles que, estando de acordo, fizessem a divulgação aos seus obreiros e aos irmãos das respectivas igrejas. Participei também da empreitada de entrega das cartas, visando evitar e dirimir qualquer distorção quanto ao endereço e outras dúvidas que sempre aparecem no momento real da entrega. Como já fez um ano ou um pouco mais deste ocorrido, não sei dizer exatamente o número de cartas que foram distribuídas, mas tenho certeza que não foi um número menor que quinze.
Particularmente não estava esperando um grande retorno para esse projeto, mas tinha esperança de despertar a curiosidade pelo conhecimento em um grupo de irmãos que sempre desejam crescer na graça e no conhecimento. Mas infelizmente minhas humildes expectativas, mesmo sendo humildes, foram completamente frustradas. Ninguém apareceu para se escrever no curso e nenhum pastor estabeleceu contato visando conhecer ou entender melhor do que se tratava o curso. Para não dizer que o retorno foi zero, recebemos uma carta de um pastor local que teve o trabalho de escrever duas páginas para dizer simplesmente que filosofia era coisa do diabo e que seus obreiros não precisavam desse tipo de conhecimento. E pior, era ou é não sei mais, pastor de uma igreja histórica, onde normalmente se tem um grande zelo pelo conhecimento.
Ambas as posturas, seja a falta de interesse ou o entendimento que estudar certas disciplinas são coisas demoníacas, tornam o viver e o divulgar do Evangelho algo conturbado. Primeiro: não se é livre para viver a liberdade que Cristo nos conquistou na cruz. Segundo: a comunicação do Evangelho fica restrita a uma dialética ás vezes pouco interessante para o ouvinte alvo. Temos convicção que o operar e efetuar vem de Deus, mas nós somos cooperadores na obra de evangelização, por isso, precisamos estar atualizados com as outras formas de pensar para que possamos nos colocar e declarar com conhecimento de causa que nós temos a mais alta sabedoria, a mente de Cristo. Temos observado que alguns cristãos desistem de estabelecer comunicação com certas pessoas, declinando automaticamente da oportunidade de evangelizar uma alma, porque simplesmente não conseguem nem entender de que planeta veio o tal cidadão que ele pensou em trazer para Cristo.
Por conta disto, não só a evangelização se torna uma dura tarefa em determinadas camadas sociais, mas também viver nesse mundo sem cair nas ciladas de falsos ensinos e de doutrinas distorcidas. Muitos pastores, sem perceber ou saber, estão elaborando seus ensinos ou palavras utilizando alimento do pensamento secular moderno e pós-moderno que invadiu, sem pedir permissão, a vida de nossa sociedade. Eles estão usando seus púlpitos para validar pensamentos que filosoficamente são politicamente corretos, mas que conduzem o povo de Deus para mais distante do seu Deus.
Como disse o profeta Oséias: “O povo perece, porque lhe falta conhecimento”.
Penso que igual aos maridos de antigamente, que eram “fisgados” literalmente pelo estômago com a culinária das suas futuras esposas (ou de suas mães), muitos pastores e cristãos estão sendo envolvidos em ensinos distorcidos e formas de pensar herética por terem decidido ficar longe de buscar conhecimento.
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