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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Reflexões com o Bisbo Josué da Igreja Metodista.

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Com muita gentileza, o Bispo Josué Adam nos autorizou a transcrever os textos abaixo para edificação de muitos que visitam nosso blog.

Peço sua atenção em cada ponto colocado, precisamos em nossos dias,pensar muito na forma como estamos sendo igreja.

Pr.Paulo Nogueira- 29/06


O MINISTÉRIO CRISTÃO NUMA IGREJA QUE PRECISA IR PARA O DIVÃ

Recentemente escrevi uma breve reflexão com o título Quando a Igreja precisa ir para o Divã. É um texto que pontua alguns aspectos eclesiológicos e missiológicos. Ir para o divã não quer dizer que a Igreja esteja morta ou tenha perdido o carisma e a mística de ser uma comunidade cristã. Mas ela pode perder se não for para o divã, ou seja, se não experimentar uma renovação em termos de vivência da santidade bíblica e continuar perseverando em seus equívocos ensaiados, em suas injustiças premeditadas e em sua esquizofrenia discriminatória. Reflito agora sobre o ministério cristão no contexto de uma Igreja que precisa ir para o divã.

O ministério cristão, entendido como uma função ou responsabilidade reconhecida pela comunidade cristã e desenvolvida segundo os referenciais eclesiológicos e ministeriais instituídos pela respectiva Igreja, num contexto de fragilização que a mesma vivencia tem as seguintes perspectivas:

Simplicidade. O ministério cristão deve ser exercido com simplicidade e na simplicidade. Vivemos dias em que a tecnologia, a estatística, o sofisticado, etc., estão em voga e as igrejas, via de regra, buscam estes recursos da modernidade para o desenvolvimento de suas atividades. No entanto, a Igreja não pode perder a simplicidade no cumprimento de sua missão e não deve deixar de atuar na sociedade de forma a alcançar os simples e os símplices de coração. O êxito do ministério da Igreja não pode ser medido pela quantidade de tecnologia ou modernidade que ela adquira e sim pela capacidade de ser simples no anúncio e na vivência do Evangelho.

Integridade. O primeiro aspecto na integridade do ministério cristão é a questão dos tesouros (Mt 6.19-24). O foco está na relação da pessoa com as coisas que possui ou as atitudes que toma e os pensamentos que tem. Jesus não condena o dinheiro em si, mas o apego a ele. A expressão tesouro evidencia coisas muito importantes para uma pessoa, tais como o status, a posição social, a busca pelo poder, entre outros. Portanto, ajuntar tesouros no céu é fazer coisas na terra cujos efeitos durem por toda a eternidade[1]. Trata-se do exercício de uma liderança no estilo de Jesus, que fez do Reino de Deus prioridade.

Serviçal. Outro aspecto da integridade está nos versículos 21 e 24: “onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” e “ninguém pode servir a dois senhores”. O verbo servir é muito forte na tradição bíblica, pois o povo de Deus foi chamado para servi-lo. Esta obediência está em relação direta com o “coração”, pois o que “fazemos é o resultado do que pensamos; portanto, o que irá determinar nossas vidas e o exercício das nossas vontades é o que pensamos, e isso por sua vez é determinado por onde está nosso coração – tesouro”.[2] Devemos lembrar que somos servos uns dos outros.

Piedade. O termo grego “eusebeia”, traduzido por “piedade” e de acordo com o contexto, significa “atitude religiosa no sentido mais profundo, a reverência a Deus que advém do conhecimento Dele... conota a seriedade moral, que afeta o comportamento externo bem como a intenção interior”.[3] O sentido bíblico da palavra vai além do sentimento de dó ou de piedade, indica uma atitude moral e ética, um comportamento transformado pelo conhecimento de Deus e pela reverência a Deus. Assim, é mais do que dó, é ação em direção aos que causam “dó” ou “piedade”. Por se tratar de uma atitude que evidência o caráter cristão, esta ação é acompanhada de um exercício de humildade e de entrega. Para STOTT, se trata de “uma mistura de temor e amor que, juntos, constituem a devoção do homem para com Deus”.[4]

Espiritualidade. A prática da espiritualidade é fundamental para o ministério pastoral, pois ela possibilita que o pastor e a pastora contemplem a Cristo, o Sumo Sacerdote e Senhor. Esta relação pessoal com Cristo alimenta o carisma pastoral: "sentimos a necessidade de uma renovação e revitalização da consciência vocacional do ministério pastoral, a fim de nos dispormos a pregar o Cristo exigido por ela. Sem essa consciência vocacional e sem disponibilidade para a obra, seria inútil qualquer planejamento...".[5] Ao desenvolver a sua espiritualidade o ministro cristão alimenta a dimensão da consagração como um ministério que é alimentado pelo Espírito Santo e que é exercido numa comunidade onde há diversidade de talentos, dons e ministérios.

Amor. O amor deve permear todas as ações ministeriais. O ministério cristão é marcado pela doação e pela dedicação aos outros. O ministro cristão não foi chamado para resolver problemas dos membros da igreja, mas sim para desenvolver o seu ministério cuidando das outras pessoas que atuam ou que são sujeitos do respectivo ministério. Ao ser indagado por Jesus (João 21.15-23), Pedro recebeu seu chamado para pastorear o rebanho. Em Romanos 5.5 lemos que “o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado”. O amor promove a gratuidade e a alegria do serviço. O amor perdoa, reconcilia, cura, aproxima, restaura, resgata, o amor jamais acaba.



Cuidado pastoral. O que é cuidado pastoral? “... é o processo de proteção para com o ministério de pessoas e comunidades em nome de Deus. É uma expressão do cristão para com o outro e para aquele para quem Cristo viveu e morreu”.[6] Dentro do cuidado pastoral está o aconselhamento pastoral que tem como objetivo trabalhar com indivíduos, grupos ou famílias, questões relacionadas à emotividade, sexualidade, bem como aspectos psicológicos, espirituais, mentais, físicos e outros.

Solidariedade. Um ministério cristão que não evidencie solidariedade, fraternidade, empatia e preocupação com a vida do outro, terá pouca relevância para o cumprimento da missão da Igreja e para a restauração das pessoas que evidenciam fragilidades. A solidariedade deve aproximar o ministro cristão dos que necessitam de apoio e atenção, bem como de ação que promova a dignidade da vida.



Estes aspectos não são indicados em forma de prioridade ou como uma relação do que vem antes ou depois. Se a Igreja precisar ir para divã, como estamos propondo em nossa reflexão, o ministério cristão deve ser relevante para cada situação, contexto ou história da comunidade. Assim, algum aspecto pode ser mais relevante que outro naquele momento ou naquela comunidade. O convite que fazemos é para que o ministério cristão seja terapêutico e curador, pela ação da Graça de Deus e pela inspiração do Espírito Santo de Deus.

Bispo Josué Adam Lazier

http://josue.lazier.blog.uol.com.br/index.html

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[1] STOTT, John R.W. A Mensagem do Sermão do Monte. São Paulo, ABU, 1985, p. 161.

[2] LLOYDE-JONES, Martyn. Estudos no Sermão do Monte. Editora Fiel, 1984, p. 377.

[3] KELLY, L.N.D. I e II Timóteo: introdução e comentário. São Paulo, Mundo Cristão, 1983, p.65.

[4] STOTT, John. A Mensagem de I Timóteo e Tito. Paulo, ABU, 2004, p.117.

[5] Igreja Metodista, Plano Quadrienal 1979-1982.

[6] FARRIS, James Reaves, Teologia prática, cuidado e aconselhamento pastoral: um resumo da história recente e suas conseqüências atuais, em Teologia Pastoral, Estudos de Religião 12, São Paulo, UMESP, 1997, pg. 19.
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No meio de tantas coisas confusas, chamada por muitos como revelação de Deus, encontramos uma reflexão sensata e bíblica sobre esse tema tão importante tema: "AVIVAMENTO".Peço que você leia com paciência e não compare ele com o que você pensa, mas com o que a bíblia diz, quem sabe hoje algumas coisas não mudam na sua compreensão das coisas do Reino de Deus.
O texto abençoou a minha vida, espero que com você não seja diferente.

Pr.Paulo Cesar Nogueira

SINAIS DE AVIAMENTO NO AVIVAMENTO

O que queremos dizer quando usamos a expressão aviamento? Encontramos no Dicionário do Aurélio várias definições para esta palavra. Estamos usando a seguinte em nossa reflexão: “conjunto do material acessório necessário ao acabamento de uma costura ou bordado, como tecido para forros, botões, fechos, colchetes, etc.”. (5) No Dicionário Escolar da Língua Portuguesa encontramos a seguinte definição de aviamento: “miudezas necessárias à confecção de roupas”. (6)

É importante ressaltar que não estamos afirmando que o avivamento é um “aviamento”, mas sim que o avivamento pode vir a ser um “aviamento”, ou seja, se transformar num conjunto de miudezas e acessórios que enfeitam, mas que não produzem a santidade bíblica. Os sinais de um avivamento transformado em aviamento são, entre outros, os seguintes:

1. Divisionismo e cisma – ou seja, tendências cismáticas. Isto não quer dizer que um membro da Igreja deixe de ser crítico à Igreja, ou mesmo crítico às lideranças estabelecidas, mesmo porque o avivamento produz transformações e reformas, dentro de uma disciplina institucional. O que estamos indicando é que a tendência a cisões e separações é nociva ao avivamento. Pode-se ser crítico sem ser cismático.

2. Isolacionismo – a tendência ao isolamento, a falta de comunhão com outras pessoas, ou comunhão somente com pessoas que pensam da mesma forma e professam as mesmas interpretações bíblicas e teológicas, a dificuldade para conviver com críticas ou questionamentos, a pouca participação em eventos onde prevalece à reflexão, cria um ambiente propício para um avivamento descaracterizado.

3. Indefinição confessional – erroneamente alguns pensam que a mudança de doutrina seja uma evidência do avivamento. O avivamento descaracterizado cria a indefinição confessional, mas o avivamento bíblico cria a convicção acerca das confissões de fé e doutrinas ensinadas pela Igreja.

4. Personalismo – ou a centralização numa pessoa ou grupo, tende a criar um aviamento e não um genuíno avivamento. Avivamento na perspectiva bíblica é aquele que cria o espírito de serviço e de dedicação aos outros e não o autoritarismo ou o personalismo, onde o que o líder avivado diz que não pode ser questionado por se tratar de uma pessoa cheia do Espírito Santo. Este sentimento tende a promover um aviamento em detrimento do avivamento.

“No genuíno avivamento a linha pastoral deve ser a de comunhão, do amor, da partilha, da solidariedade, da humildade, da mutualidade dos dons e ministérios, sem dominação de liderança ou de grupos, semelhante à comunidade apostólica onde todos estavam juntos e tinham tudo em comum, sendo um só coração e a alma deles”. (7)

5. Absolutização da experiência – uma experiência pessoal com Deus e com a dinâmica do Espírito Santo não pode ser absolutizada, tornando-se modelo ou norma para os outros. Aqui está um dos equívocos do avivamento, ou seja, o de absolutizar experiências pessoais. Absoluta é a ação soberana do Espírito Santo na vida da Igreja e do cristão.

6. Ausência de reflexão – A experiência do coração aquecido não invalida a mente transformada pela Palavra de Deus, o equilíbrio wesleyano. São as duas evidências de uma pessoa transformada pela Graça de Deus e cheia do Espírito Santo. A ausência de reflexão e de estudo faz do avivamento um movimento sem raízes, sem profundidade e sem conteúdo.

O avivamento desperta o gosto pela Palavra de Deus. Como diz o salmista: “são mais doces do que o mel e o destilar dos favos” – Sl 19.10. “A santidade que João Wesley pregava não era a santa simplicidade, a ‘santa ignorância’ do obscurantismo. Era um fulgor no coração que iluminava também a inteligência. Wesley queria, sim, que seus pregadores fossem antes de tudo piedosos, que tivessem eles mesmos a experiência pessoal da graça redentora de Deus em Cristo, a qual tinham que pregar. Todavia também se empenhou em que fossem ilustrados, estudiosos, leitores assíduos, e infatigáveis disseminadores da educação”. (8)

7. Assimilação de práticas pastorais e teologias alienígenas – O avivamento vira aviamento quando a busca pelo genuíno avivamento abre as portas para práticas pastorais e teologias que nada têm a contribuir para o crescimento do cristão e da Igreja. Alguns pensam que avivamento é assimilar algumas práticas que estão na “onda” e que, aparentemente, apresentam resultados satisfatórios. O avivamento é um arraigamento em nossa confessionalidade, em nossa eclesiologia, em nossa maneira de fazer teologia e de pastorear nossas ovelhas.

8. Vaidade espiritual e entusiasmo – Como vimos anteriormente, avivamento é a experiência de dedicação e de serviço a Deus. A vaidade é evidência da necessidade deste avivamento e uma negação da experiência cristã. Junto com a vaidade podemos incluir o entusiasmo. São excessos e miudezas que nada acrescentam a fé cristã.

Ao ensinar sobre a perfeição cristã, João Wesley destacava que não era perfeito a ponto de não necessitar de perdão, tampouco perfeito a ponto de ser independente . (9) Sua preocupação era com o entusiasmo irracional. Ensinava aos metodistas a buscarem a experiência de ter o coração aquecido pelo Espírito Santo mas não se esquecerem do adestramento da mente, através do estudo, da meditação e da reflexão. João Wesley não queria que os metodistas fossem chamados de entusiastas enlouquecidos. Para isto ensinava que “a unanimidade da experiência profunda da graça redentora de Deus em Cristo não significa necessariamente uma uniformidade nas manifestações emotivas externas dessa experiência”. (10)

9. Falta de caráter cristão – Para Wesley, “a benção maior a ser almejada pela pessoa que já tenha recebido o dom da fé (e a conseqüente justificação e regeneração) é a benção da perfeição cristã, a qual, antes de mais nada é a perfeição em amor para com Deus e para com o próximo”. (11) Aqui está o grande diferencial do avivamento entre os metodistas: a santidade bíblica. “A justificação é a grande obra de Deus por nós, perdoando nossos pecados, enquanto que a santificação é a obra que ele opera em nós, renovando-nos”. (12)

Sem ter a santidade bíblica como alvo o avivamento por certo será meramente um conjunto de miudezas, ou aviamento. O avivamento sem a santidade bíblica é um movimento sem o caráter de Cristo, pois os frutos da “unção e presença do Espírito Santo produzem uma santificação progressiva, contínua, pessoal e social e uma ação missionária plena de compromisso com Deus, com o ser humano, com a História e com o reino de Deus”. (13)

10. Discipulado que se fundamenta em propostas de eclesiologia e práticas pastorais utilitarista e com fim específico de crescimento numérico e nos numerários da Igreja. Esta tendência, crescente em nosso meio, desvirtua a proposta de discipulado encontrada nos Evangelhos e desenvolvida por Jesus.

Bispo Josué Adam Lazier



(5) Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda, Novo Dicionário da Língua Portuguesa, 1999, Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, pg. 240
(6) Bueno, Francisco da Silveira, Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, 1979, Rio de Janeiro, FENAME, pg. 155.
(7) Leite, Nelson Luiz Campos, Como alcançar o Genuíno Avivamento, Exodus, 1997, pg 67.
(8) Camargo, Gonzalo Baez, Gênio e Espírito do Metodista Wesleyano, Imprensa Metodista, 1986, pg 47.
(9) Williams, Colin W., la Teologia de Juan Wesley, Ediciones SEBILA, Costa Rica, 1989. pg. 136.
(10) Camargo, Gonzalo Baéz, Gênio e Espírito do Metodismo Wesleyano, Imprensa Metodista, 1986, pg 30.
(11) Reily, Duncan Alexander, Fundamentos Doutrinários do Metodismo Brasileiro, Exodus, 1997, pg. 55.
(12) Hinson, Willian J., A Dinämica do Pensamento de Wesley, Imprensa Metodista, pg. 21.
(13) Leite, Nelson Luiz Campos, Como alcançar o genuíno avivamento, Exodus Editora, 1997, pg. 34.



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